Em uma terça-feira 18 de junho de 2019, o historiador professor Antônio José Manbenga, escreveu e publicou na íntegra em redes sociais a “Biografia do valenciano Dr. Alcides Martins Nunes

                         HISTÓRIA DE VIDA – DR ALCIDES MARTINS NUNES

Alcides Martins Nunes, nasceu no dia 19 de maio de 1918 em Valença, filho de Abdon Portella Nunes e de Francisca Martins de Castro Nunes. Teve uma infância não diferente das crianças de sua época, que se bifurcava entre a vida na cidade e as visitas às propriedades rurais da família.

O certo é que Alcides Nunes, se adaptava às realidades de cada espaço. Se na cidade usufruía de bons momentos de lazer às margens do Rio Caatinguinha, …. tão bem retratados pelo poeta João Ferry no soneto Poço Azul. Na zona rural se deleitava com a vida campesina em aventuras não tão diferentes das praticadas na zona urbana, Cada realidade era diferente uma da outra, mas completavam a vida e sonhos de criança.

   Foto: internet www.alepi.pi.gov.br

Alcides Martrins nunes

Estudou as primeiras letras na Escola São Jose do mestre Jose Francisco Ferreira, aprendendo o suficiente para obter conhecimentos cuja continuidade foram dados em Teresina, no Colégio São Francisco de Sales(Diocesano), onde fez o Curso Ginasial e o Secundário. Em São Luis(MA), fez o Curso Pré Jurídico. Em 1941, ingressou na Faculdade de Direito do Piauí. Em Salvador(BA) estudou Ciências Jurídicas e Sociais, cuja conclusão ocorreu em 1945, o que lhe deu o direito de exercer o exercício da advocacia a partir de 1946.

Ingressando na política, foi constituinte em 1947 e se reelegeu deputado em 1950 e 1954, sob a legenda do Partido Social Democrático. Foi membro da Comissão de Constituição e Justiça. Bem como da Redação Final na Assembleia Legislativa – 1947/1957.

Foi Vice-Presidente da Assembleia – 1955/1957. Foi de sua autoria o Projeto de Lei Nº 128/07/1948 que mudou o nome da cidade de Berlengas para Valença do Piauí, a partir de 1º de janeiro de 1949, atendendo a reivindicação do povo valenciano que não se adaptava com a mudança do nome da cidade berço, Valença para Berlengas ocorrido em 1943 pelo Decreto Nº 754 de 30 de dezembro pelo Governo Federal. O Deputado Alcides Nunes, viu o clamor do povo e lutou pelo retorno do nome original (Valença, acrescido do nome Piauí).

Como Deputado Estadual, prestou relevantes serviços à terra berço, colocando-se sempre à vanguarda dos interesses da coletividade, por entender as necessidades individuais e coletiva de seus conterrâneos, tudo isso por ser um homem inteligente, profundamente democrático, o que lhe proporcionava desfrutar em grande parte do Estado do Piauí, de prestígio político (Almanaque do Cariri – 1952).

Nomeado Juiz( hoje Conselheiro) do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, cuja posse ocorreu no dia 19 de setembro de 1957. Neste Colegiado, foi Vice-Presidente durante mais de um decênio. Instalou e Dirigiu a Diretoria de Assuntos Municipais: foi Supervisor da Auditoria Externa na fase de  implantação; e Presidente do biênio 1979/1980.(1º de janeiro de 1979 a 31 de dezembro de 1980).

Agraciado com as seguintes Comendas:  Medalha do Mérito  Renascença, Medalha do Mérito Legislativo, Medalha do Mérito Conselheiro Jose Antonio Saraiva, Medalha Ordem do mérito Governador João Pereira Caldas, Medalha Petrônio Portella da Academia de Letras da Confederação Valenciana.

Em Teresina, exerceu a docência no Colégio São Francisco de Sales, com as disciplinas: História do Piauí e Economia, bem como Organização Social e Política Brasil. Também em Teresina, fundou com outros parlamentares o Jornal O Estado, do qual foi seu Diretor. Dirigiu também, durante dois biênios consecutivos (1951/1954) a Associação Piauiense de Imprensa. Colaborou, ainda. Para o Jornal do Comercio, Resistência, Jornal do Piauí e Estado do Piauí.

Foi Vice-Presidente da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC – (1966/1976), tendo exercido a Presidência por várias vezes.

Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí. Sócio Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico de Oeiras. Membro da Academia de Letras da Confederação Valenciana.

OBRAS PUBLICADAS:

– Anuário de Valença do Piauí (1951/1952)

– Cronologia Histórica de Valença do Piauí (1962)

– Discursos ( 1968)

– Participação  do Piauí na luta pela Independência do Brasil (1972)

– Meu Bisavô – Norberto de Castro (1974)

– A Obrigatoriedade da prestação de Contas (1979)

– Vultos de Valença (1982)

– Meu Pai – Abdon Portella Nunes (1988)

Casado com a Sra. Odete Soares Ferreira Nunes(in memoriam) de cujo enlace nasceram: 11 filhos: Célia, Odete, Alcides Filho, Maria Franci(in memoriam) Tânia, Raimundo, Maria Franci, Vânia, Liana, Liene e Kênia.

Em 1952, por ocasião do Centenário de Teresina, O Almanaque do Carriri, dedicou uma Edição especial sobre o Piauí, e o texto sobre Valença, foi escrito por Alcides Nunes.

Em 1960, fundou em Valença o Jornal Folha Rural, cujo primeiro número circulou no dia 25 de dezembro do mesmo ano, por ocasião da Festa do Natal do Senhor e Festa da Padroeira Nossa Senhora do Ó.

Em 1980, escreveu a Biografia do Cônego Acylino Baptista Portella Ferreira, na Revista Nº 02 do Instituto Histórico de Oeiras.

Alcides Nunes, era um valenciano que amava sua terra berço, sempre estava presente nas festividades cívicas, religiosas e sociais. Por várias vezes foi Imperador da Festa do Divino Espírito Santo, como político trabalhou em prol do bem comum, não só em Valença mas para toda região confederada. São de sua autoria os primeiros textos sobre a História de nossa cidade, cujos conteúdos serviram e ainda servem de base para pesquisadores encontrarem referencias sobre a História de nossa terra. Como diz (Lucília Salgado: 2006 – 35 – 34) São os homens que constroem sua visão e representação das diferentes temporalidades e acontecimentos que marcaram sua própria história, isto porque, tempo e memória são processos interligados. O tempo da memória ultrapassa o tempo de vida individual e encontra-se com o tempo da História. Daí a História ser construída baseada no tempo que cada um escolhe para escrever.

Sua transcendência ocorreu no dia 13 de julho de 2007 em Teresina-PI

MEU POÇO AZUL (João Ferry)

Meu Poço Azul da minha meninice,

Todo ensombrado de árvores frondosas,

Quem foi que te contou, quem foi que te disse

Que eu te esquecia nas manhãs formosas?…

       Trepado num cipó, sem gabolice,

       Em balanços de curvas perigosas

        Eu saltava, “ti-bun-go”, ai que doidice.

         No mergulho das águas  vaporosas!

Depois, um dia, quando, envelhecido,

Procurei teu regaço abençoado

Para o banho, meu Deus, quantos abrolhos!….

         Meu Poço Azul havia sucumbido,

         Tudo era morte, mas voltei banhado,

          Com as lágrimas do poço dos meus olhos!

O Soneto Meu Poço Azul, João Ferry, dedicou a seu amigo Alcides Nunes, em 16 de abril de 1955)

BIBLIOGRAFIA

DELGADO, Lucília de Almeida Neves, História Oral – memória, Tempo, Identidades,

                    Autêntica Editora – Belo Horizonte – 2006

NOGUEIRA, Tânia Ferreira Martins Nunes, Os Martins Nunes – 2018 – Teresina – Piauí

NUNES, Alcides Martins, Anuário de Valença do Piauí  – 1951/1952 –  Teresina- PI(1953)

_______ VALENÇA – Dados Gerais sobre o município – (IN) Almanaque do Carriri – 1952 – Fortaleza – CE

______  Vultos de Valença, 1982 – Teresina – PI

_______ Meu Pai Abdon Portella Nunes – Teresina – 1988

_______ Cônego Acylino, IN Revista do Instituto Histórico de Oeiras – Nº 02  – 1980

_______ Cronologia Histórica de Valença, Jornal Folha Rural – 1962 – 1965 – Teresina

MATOS, J. Miguel de, Garimpagem – Senado Federal – Centro Gráfico: Distrito Federal – 1980

Webgrafia: Portal HTTP//WWW.alepi.pi.gov.br – Biografia: Dep Alcides Martins Nunes

 Pesquisa feita em 25/11/2018

                                         Valença do Piauí, 29 de novembro de 2018

                                                   Prof. Antonio Jose Pereira da Silva

                                                                       Pesquisador

Por: redação valencaonline.com

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