O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) realizar uma nova interdição ética na Maternidade Dona Evangelina Rosa, Zona Sul de Teresina, a partir desta quarta-feira (7). A decisão do Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) foi tomada durante plenária realizada na noite dessa segunda-feira (5) após constatação da falta de leitos e problemas estruturais. Durante um prazo de 60 dias, os médicos ficarão impedidos de atuar.

A direção da maternidade informou ter recebido com tranquilidade o adiamento da interdição e que esse fato nunca foi visto como punição, mas como uma oportunidade de atender os casos de alta complexidade.

Entre os problemas registrados estão: ausência de leitos disponíveis, inclusive na UTI materna; incubadoras quebrados; presença de lodo nos banheiros, chuveiro com vazamento em uma das enfermarias, infiltrações nos tetos com mofo, mau cheiro, cadeiras com revestimentos rasgados, pisos descolando, as pacientes e funcionárias relataram que as refeições oferecidas às pacientes e acompanhantes é insuficiente e de péssima qualidade; equipe assistencial insuficiente, desde pediátrica até enfermagem.

Lodo e infiltrações em banheiros na Maternidade Dona Evangelina Rosa — Foto: Divulgação/CRM-PI

“Na Ala A, uma paciente com recém-nascido prematuro foi colocada em uma das enfermarias ao lado de outra gestante em tratamento clínico de infecção”, destacou o CRM-PI.

Para a assistência neonatal, observou-se material insuficiente e deteriorado, além de contaminados, como exemplos, sensor de temperatura, máscaras para reanimação, prongas, oxímetros, respirador manual, principalmente para prematuros, e quando tem, estes estão muitas vezes em péssimas condições.

Conselho constatou falta de leitos na Maternidade Dona Evangelina Rosa — Foto: Divulgação/CRM-PI

“Frequentemente, pacientes com indicação de Ucinco e UTI Neonatal permanecem em sala onde houve o parto, mesmo intubados e em ventilação mecânica por falta de vagas. Estes pacientes, que aguardam vagas nas salas do complexo, correm diretamente risco de vida por permanecerem isolados dentro das salas por falta de assistência e ambiente próprios”, diz o relatório.

Na admissão, o Conselho presenciou movimento habitual e procura espontânea. Os plantonistas relataram que pacientes são encaminhadas à maternidade com diagnósticos não condizentes com a realidade, falsos trabalhos de parto, idades gestacionais mal calculadas ou apenas para realização de ultrassonografias.

Piso na Maternidade Dona Evangelina Rosa — Foto: Divulgação/CRM-PI

“No Centro Obstétrico e Centro Cirúrgico, os plantonistas relataram a péssima qualidade do instrumental cirúrgico e fios. No repouso masculino não havia chuveiro devido a um problema de infiltração e os lençóis não são trocados regularmente. Também foi registrado número insuficiente de leitos para repouso médico, ficando o médico sem local de repouso no setor”, diz o relatório.

Na reforma para ampliação da UTI, o CRM-PI encontrou muito entulho e poeira, mas sem trabalhadores em serviço. Para o Conselho, existe uma incapacidade do Governo do Estado e da diretoria da maternidade para resolução dos problemas detectados e espera que assim que notificados os problemas sejam sanados.

Primeira interdição

Em abril, o CRM chegou a prorrogar por mais 60 dias a interdição ética que começou em novembro do ano passado. Na época, uma nova vistoria constatou a superlotação no setor de admissão. Além disso, algumas cirurgias foram suspensas em virtude do centro cirúrgico estar superlotado com pacientes que não tinham leitos para ocupar.

Com a interdição, os médicos deixaram de atender casos de baixa e média complexidade e passaram a atender apenas os casos de alta complexidade.

Nota na íntegra da direção da Maternidade Dona Evangelina Rosa

Sobre o posicionamento do Conselho Regional de Medicina (CRM/PI), acerca da prorrogação da interdição ética da Maternidade dona Evangelina Rosa (MDER), a Unidade Hospitalar vem à público esclarecer que recebe com tranquilidade o adiamento da interdição por mais 60 dias e que esse fato nunca foi visto como punição, mas como uma oportunidade de atender o que é a sua especialidade, que é o atendimento de alta complexidade.

A Mder é uma casa antiga, com problemas estruturais, mas a Instituição vem procurando se manter oferecendo serviço de excelência, promovendo reformas importantes, tanto com sua equipe, como com empresas contratadas para as reformas mais complexas.

Somente de janeiro a junho deste ano de 2019, foram concluídas a reforma do setor Admissão, com sala de estabilização e reforma da sala de Classificação de Riscos, da Central de Materiais e do Serviço de Radiologia, bem como da Unidade de Cuidados Intermediários Canguro ( UCIMCA). Todos os espaços foram equipados com o que há de mais moderno em maquinários, mobília, macas, etc.

Após a reforma da Ala C, entregue em julho, a Unidade aguarda concluir processo de licitação para criação de mais 44 leitos de obstetrícia, situação que será feita dentro da lei. Ao que se refere à camas e colchões, foi realizada recentemente a compra de 124 camas novas com colchões, poltronas e escadas, além disso foram recuperadas mais de 100 poltronas de acompanhantes.

A recuperação de área física, ao que se referem a banheiros, pisos, janelas e pintura já foi concluído nas enfermarias já recuperadas. E já está em tramitação processo para a reforma de mais 51 banheiros que representará um investimento de mais de R$ 1 milhão. Tudo através de processo legal. Além disso, reconstruiu parque tecnológico de imagem, instalação de novo piso em centro cirúrgico e centro obstétrico. Com a inauguração da nova Central de Materiais ( CME) capacidade de esterilização de materiais da maternidade foi duplicada para 1400 kg material por dia, esse último desmente a denúncia de suposta falta de lençóis, alegada na publicação.

Importante lembrar que a Evangelina Rosa cumpre um cronograma de obras e reformas e ampliações que é acompanhado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), que visita a Instituição semanalmente para vistoria das obras que estão sendo e já foram realizadas.

Ressaltamos que é de conhecimento do CRM-PI todo o esforço realizado pela Gestão da Casa para cumprir as exigências dos órgãos fiscalizadores e que muito já foi feito, graças à parceria e investimentos da Secretaria de Estado da Saúde ( SESAPI) e Governo do Estado.

Reconhecemos que ainda há muito a ser feito, mas não é razoável considerar “incapacidade do Governo do Estado e da diretoria da maternidade para resolução dos problemas detectados”, tal como afirmado em nota do Conselho.

Quanto à superlotação, que é problema que ocorre sazonalmente, a diretoria Maternidade já notificou o Conselho Regional de Medicina (CRM-PI), em outras oportunidades, em documentos protocolados e com prontuários médicos em anexo, alertando às Instituições acerca de pontuais iminências de superlotação na unidade hospitalar por conta de pacientes de baixo risco encaminhadas para a Mder por outras maternidades.

Nos prontuários anexados, cada médico registrou de onde a parturiente foi transferida – sem a devida regulação – e sua situação de baixa complexidade. A diretoria lembra que a Evangelina Rosa é uma Maternidade de alta complexidade e que esses casos não devem ser encaminhados para a Casa, pois a Unidade Hospitalar superlota e não consegue trabalhar na sua plenitude, no entanto, a MDER e SESAPI estão sempre procurando maneiras legais de cumprir as determinações do CRM/PI.

Obra de ampliação da UTI na Maternidade Dona Evangelina Rosa — Foto: Divulgação/CRM-PI

Fonte: G1 PI 

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