O secretário de Cultura do governo Jair Bolsonaro, Mario Frias, e o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, criticaram nas redes sociais as notícias de que a bisneta do escritor Monteiro Lobato pretende reeditar livros dele suprimindo trechos racistas.

Camargo afirmou que Lobato não era racista e que “nenhum preto pediu” o que ele chama de “mutilação da obra” do escritor.

Cleo Monteiro Lobato, bisneta do autor, anunciou este mês que sua nova reedição de “A Menina do Narizinho Arrebitado” teria alterações, como a exclusão do trecho que dizia que Tia Nastácia, personagem negra, “trepou que nem uma macaca de carvão”.

“A gente queria uma versão atualizada, cujo teor fosse compatível com os valores sociais contemporâneos, mas que mantivesse o estilo do Lobato”, disse a herdeira. “Nós não a desvirtuamos, porque a original continua lá, existindo e disponível. Se eu tenho a possibilidade de me posicionar de maneira positiva, eu escolho a mudança.”

Foto:reprodução/instagram@MarioFriasOficial

Mario Frias reagiu, nesta manhã, classificando como absurda a edição da obra de Lobato. “Quantos livros e histórias maravilhosas que embalaram minha infância. [Que] vergonha!”.

Camargo continuou com mais uma série de tuítes acusando a esquerda de ser mais racista que Monteiro Lobato e classificando quem faz esse tipo de crítica como “nutella”, “ofendidinho” e “afromimizento”. Não é de hoje que o presidente da Fundação Palmares se contrapõe com agressividade ao movimento negro.

Ele também usou como argumento seu pai, o poeta Oswaldo de Camargo. “Meu pai é escritor. Alterar uma única palavra de sua obra, após sua morte, seria como esfaqueá-lo pelas costas.”
“A esquerda mutila Monteiro Lobato e recomenda Felipe Neto para crianças”, diz o último post do chefe da fundação do governo federal.

Críticos literários e o movimento negro organizado criticam a obra de Lobato, principalmente, pela construção racista da personagem de Nastácia e pelas descrições preconceituosas a que ela é submetida em algumas das obras.

Nem todos, contudo, defendem que a supressão de trechos problemáticos seja a melhor solução.

Para alguns, uma contextualização crítica da época e das ideias de Lobato seria uma alternativa preferível. Outros leitores, ainda, identificam racismo no trabalho do escritor, mas defendem que se preserve a íntegra das obras como elas foram escritas.

Fonte: Cidadeverde.com / Folhapress

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