O ex-deputado federal José Maia Filho, o Mainha, assumiu recentemente o comando da Superintendência do Piauí em Brasília, pasta responsável pela articulação do governo do estado junto aos ministérios e a outras pastas do governo federal. Em entrevista ao Jornal O Dia, ele defende que as questões ideológicas devem ser deixadas de lado em prol do desenvolvimento do Piauí. O novo articulador das demandas do Piauí em Brasília também cobra um maior empenho da bancada federal na defesa de questões de interesse do estado do Piauí. Na política, Mainha diz que a relação do seu partido, o Progressistas, com o governador Wellington Dias está pacificada. Segundo ele, as rusgas causadas por episódios recentes, como a divisão do secretariado e a eleição da mesa diretora da Assembleia, ficaram no passado.

Não entendo quando criticam o Piauí por captar empréstimos, se ele tem capacidade de endividamento e vem pagando normalmente. – Foto: Elias Fontinele/O Dia

O senhor assumiu recentemente a função de ser o articulador do Piauí junto aos poderes, no comando da Superintendência do Piauí em Brasília. Qual deve ser o trabalho desenvolvido pelo senhor nessa pasta, principalmente, no que diz respeito a relação com governo federal? 

É um momento bastante sensível. Hoje não temos uma situação de calmaria no país, de normalidade, que eu acredito que seja o melhor caminho para as ações serem realizadas é esse clima amistoso. Sempre existiu a oposição, sempre existiu a cobrança, mas nós percebemos que os ânimos nunca se acalmaram. A Constituição não permite que haja um apartamento do governo federal com algum governo estadual. Então, obrigatoriamente, há de ter essa parceria legítima, e o que está muito em pauta agora, o que se fala muito, é o Nordeste, após aquela manifestação polêmica do presidente da República, que inclusive se retratou. É preciso entender, que nós, nordestinos, somos 25% da população, mas aqui na região nordeste ainda tem 50% da população mais pobre, e 50% da população menos alfabetizada. A causa disso é porque, historicamente, o Brasil, o governo central, sempre priorizou investimentos e infraestrutura para a  região sudeste. Hoje,  com o trabalho social que foi feito nessa região, podemos considerar que acabaram aquelas situações mais críticas, que são os flagelos de fome, mas o nordeste ainda requer muito de investimentos. Certamente, essa articulação do governo do estado do Piauí junto ao governo federal, deixando essa questão política e ideológica de forma secundária, é imprescindível para o desenvolvimento do nosso estado.

O senhor acredita que esse trabalho que será praticamente de bastidores vai trazer benefícios para o Piauí? Qual a expectativa?

A gente acredita que sim. Eu vejo agora mesmo, tivemos com o representante do FNDE e ele dizia que tinha lá um recurso para um programa que chegava o final do ano e não tinha municípios ou estados habilitados, e vamos estar na primeira semana de agosto com uma agenda entre o governador para fazer um trabalho de preparação para quando chegar no final do ano poder comtemplar o Piauí e que nosso estado seja o mais contemplado. Agora mesmo vou ter uma agenda com o secretário de Saúde, onde vamos ao ministério  e estudar projetos de saúde do Piauí. Saúde é caro, é um dos maiores problemas do Brasil e é necessária e urgente. A saúde pública requer muitos investimentos. O Piauí acaba atendendo outros estados, até o do Pará. Vamos sentar com o secretário e de Brasília, vamos atender o objetivo de solicitar investimentos para regionalizar a saúde. Eu sou oriundo da região de picos e todos nós sabemos da importância da regionalização dos atendimentos. Na gestão público tudo que é feito em pequena escala é feita com mais eficiência, se o secretário de segurança tem um trabalho dentro do estado de comandar polícia, dar estruturar ter em Brasília um escritório especializado nas tratativas de liberação de recursos para a segurança do Piauí, efetivamente isso vai ser positivo.

Foto: Elias Fontinele/O Dia

O Piauí tem um histórico de recursos federais que precisam ser liberados. Alguns deles, inclusive já foram judicializados, como o referente a federalização da Cepisa, os precatórios do Fundef, entre outros. O governo tem planejamento para destravar esses recursos.

Sim. O Se a gente for analisar a situação dos estados, o Piauí, apesar da crise que o Brasil enfrenta, nas gestões publicas principalmente estaduais, estamos numa condição melhor que Pernambuco, que tem déficit de R$ 1,5 na Previdência, no Rio Grande do Sul, que tem industrias e a colonização de lá foi diferente da nossa, 70% do orçamento está para pagar aposentados. Então muita gente diz: o dinheiro do Piauí só para pagar os funcionários e custeios. Lá no Rio Grande do Sul só dá pra pagar funcionários e inativos. O Piauí tem capacidade de endividamento, tem recursos que são de direito do estado, como essa da federalização da Cepisa, agora o Fundeb que não foi recebido e nós não podemos mais aumentar imposto, mas temos que fazer acontecer um crescimento econômico do estado.  Se o Piauí precisa arrecadar mais, ele não tem mais como aumentar mais o tributo para o produtor, ele tem que fazer é que as pessoas consumam mais, produzam mais, e pra isso tem que ter aumento da economia, e pra ter aumento da economia, tem que ter investimento. Eu não entendo como é que se critica quando o Piauí capta empréstimo, por dois aspectos, ele tem capacidade de endividamento e já vem pagando. O percentual e dividas do Piauí é bem menor do que quando ele assumiu o mandato. Então temos que buscar investimentos, fazer obras, quando acontece a obra, acontece a geração de emprego, gera renda, leva benefício para a população, e com isso vai melhorar a vida de todos.

O senhor pretende atuar em parceria com a bancada federal do Piauí neste relacionamento com o governo federal? Na bancada, há uma ampla maioria da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro?

É fundamental o apoio da bancada. A gente tem que bater forte e está de mãos unidas, dadas, para quando o interesse for do estado, a gente defenda nosso partido, que é o Piauí. Temos a deputada Iracema, deputada Margarete, senador Ciro, todos tem esse entendimento de ajudar o Piauí, nossa bancada é praticamente toda alinhada com o governador, advém a novidade da emenda impositiva de bancada, onde o recurso realmente sai, está na lei. O Piauí recebeu asfaltamento para PIs de muitas cidades, que não tinham e com o tempo essas estradas duram de 10 a 15 anos, grande parte já estão depredadas pela ação do tempo, então acreditamos que este recurso deve vir das emendas de bancada, contando com a sensibilidade dos parlamentares piauiense.

Quais são as prioridades que o senhor elenca para esse momento. O que o escritório de representação vai priorizar em Brasília nesse ano?

O governador é o cidadão que pela sua própria personalidade é um homem moderado. Ele tem suas convicções políticas, ele uma ideologia bem firmada naquilo que ele foi formado, mas ele é um cidadão moderado e estadista no entendimento de saber se relacionar com os outros poderes. Hoje mesmo esteve no Piauí o ministro do Turismo e o governador viajou com ele para Brasília. O governador agora vai pra China, que tá com muita vontade investir no Brasil e o governador vai lá buscar investimentos para o estado, que não sejam apenas públicos, que sejam privados. O governador tá abrindo as portas do estado para quem quer vir investir aqui, trazer industrias, fomentar nosso turismo, temos uma boa relação com a câmara comercial Brasil-China, vamos ter uma reunião para ver os segmentos que eles tem interesse em investir aqui. Vamos fazer essa relação porque o Piauí tem muito a oferecer para o setor produtivo, o Piauí não pode mais ficar nessa expectativa de sempre tá dependendo ou apenas dependendo do setor público. Se a gente for avaliar o potencial mineral que o estado tem, mas que é sacrificado porque ainda não tem a Transnordestina, não se faz mineração sem ferrovia, mas é um estado que tem potencial agrícola muito grande, como é a região dos Cerrados, o sul do Piauí, capacidade de produzir energia eólica, a novidade para este século. Temos um potencial turístico muito grande, então o Piauí tem diversos potenciais e vãos tentar fazer esse link, porque nenhum lugar do mundo se desenvolve por si só, é preciso vir investimentos de fora. Eu sempre digo e defendo que São Paulo, Minas Gerais, ou outros com PIB maior que o nosso, que eles estão mais desenvolvidos não é por trabalhar mais ou por ser mais inteligente que nós, é porque tiveram mais oportunidades de receber mais investimentos e a nossa luta diária será para isso. Nós temos uma educação que ela é homenageada no Brasil inteiro, tanto a educação privada quanto pública, em Oeiras, em Teresina, Cocal dos Alves são referências. Vamos trabalhar como soldado do governador, leal e fiel para fazer as coisas acontecerem. Estamos iniciando uma nova gestão, e cada um vai dá uma contribuição e a nossa em Brasília será fundamental.

A relação do Progressistas com o governador está pacificada?

Pela mensagem que eu ouvi do senador Ciro e do presidente Júlio Arcoverde, inclusive foi ideia do próprio Júlio Arcoverde que nós assumíssemos essa superintendência em Brasília, é que não há nenhuma rusga, que a relação está pacificada e tudo é natural. Nessa questão de poder, são muitos partidos, o governador ganhou a eleição com um conglomerado de siglas, e cada partido quer um espaço maior na gestão, isso é natural. Houve uma situação que foi a mudança da vice-governadoria, também o episódio da presidência da Assembleia, mas a situação está assim superada até pelo fato de que o próprio senador Ciro já tem com o deputado Themistocles Filho, hoje tem uma das melhores relações. Não é momento de desavença, a gente quer é ajudar o Piauí, que as coisas aconteçam, o senador Ciro tem um prestígio muito grande em Brasília, ele é presidente do terceiro maior partido, além disso ele tem pessoalmente uma liderança dentro da sigla, isso representa uma força política que ajuda na abertura de portas dos ministérios e autarquias para trazer investimentos no Piauí. Estive com ele recentemente em Floriano, e ele dizia que conseguiu mais uma superintendência da Caixa aqui no Piauí para ser instalada na cidade de Floriano. Então a gente acredita que o momento é de trabalhar e conseguir as coisas para o Piauí: porque é isso que as pessoas esperam da gente. De uma maneira bem paradoxa, as pessoas elegem, mas acabam criticando os políticos, mas certamente é porque elas esperam que os políticos que estão representado a população, façam é trabalhar e oferecer resultados positivos a sociedade. Existe oposição, e ela também ajuda porque cobra, reivindica, mas no fundo a gente tem esse sentimento de que dentro do Progressistas há uma harmonia muito grande, até porque não podemos fazer oposição a um governo que somos nós mesmo, hoje o PP está responsável pelo meio ambiente, transporte, mineração, Departamento de Trânsito, entre outros.

O senhor agora é o primeiro suplente na lista de deputados federais. Há alguma expectativa de retornar a câmara federal?

Não há nenhuma expectativa a curto prazo, mas a Constituição nos assegura que qualquer eventualidade ou situação de um parlamentar precise se licenciar, nós estamos aptos a assumir o mandato em Brasília. Mas não existe nada acordado neste sentido. Nosso compromisso agora é focar a frente da Superintendência do Escritório do Piauí em Brasília.

Fonte: Portalodia.com / Por Natanael Souza e João Magalhães

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