Para quem mora aqui ou vem de fora não há como lembrar de Teresina e esquecer do Mercado Central São José, popularmente conhecido como ‘Mercado Velho’, não é mesmo? O mais antigo centro comercial da cidade nasceu durante a transferência da capital, antigamente em Oeiras, e completou 157 anos de história.

Localizado próximo às margens do rio Parnaíba e na divisa com a cidade de Timon, no Maranhão, o mercado é o cartão postal para quem chega em Teresina e permanece até hoje como ponto de exportação de mercadorias. Além disso, o lugar conserva a verdadeira tradição e cultura dos teresinenses, que se identificam com a história do Mercado Velho.

Mais antigo permissionário fala da sua relação com mercado (Foto: Catarina Costa/G1)

Mais antigo permissionário fala da sua relação com mercado (Foto: Catarina Costa/G1)

Trabalhando no mercado desde os oito anos de idade, Raimundo Guedes de Araújo Neto é o mais antigo permissionário. Ele foi levado pelo pai e o avô, que tinham uma loja de calçados, mas decidiu há 30 anos investir no artesanato, considerado carro chefe do local.

“Aqui sempre foi o meu lar por toda a vida. Minha casa é essa: o Mercado Central. Minha família toda trabalha no mercado, desde o meu avô e meu filho vai continuar a geração. Eu só saio daqui quando Deus me levar”, declarou o permissionário.

'Aqui é como se estivesse mostrando a sala da minha casa', diz a mais atinga  artesã  (Foto: Catarina Costa/G1)

‘Aqui é como se estivesse mostrando a sala da minha casa’, diz a mais atinga artesã (Foto: Catarina Costa/G1)

Já a artesã mais antiga, Maria do Socorro Silva de Moura, tem 37 anos de casa e chegou ali por necessidade de um local para trabalhar. Da produção dos arranjos, bolsas e cestas de palha de carnaúba, ela criou os filhos e atualmente conta com o auxílio da filha mais velha na produção das peças.

“O artesanato é o que eu sei fazer desde criança, tanto que eu amo o que faço. Isto pra mim aqui é mais por prazer hoje e o Mercado Velho como a identidade do povo de Teresina, como se estivesse mostrando a sala da minha casa. Minha história é nesse lugar, criei meus filhos no mercado e pretendo ficar até os meus últimos dias”, contou a artesã.

Para Maria do Socorro ou Socorrinha, como é conhecida pelos permissionários, quem entra pela primeira vez no mercado fica admirado e encantando com a variedade do local. Já os turistas quando chegam em Teresina logo perguntam onde fica o artesanato do Mercado Velho.

“Aqui temos mais frequência do povo de fora, do que o local. Os turistas não têm como sair da cidade sem conhecer o nosso artesanato. Somente no período de férias passam diariamente pelo mercado cerca de três mil pessoas”, disse animada Socorrinha.

 'O mercado é o endereço mais verdadeiro do mundo', declarou Adalto de Oliveira (Foto: Catarina Costa/G1)

‘O mercado é o endereço mais verdadeiro do mundo’, declarou Adalto de Oliveira (Foto: Catarina Costa/G1)

Outro que destaca a importância do lugar é Adalto de Oliveira Barros, de 74 anos, e 35 deles somente no mercado. Ele foi o primeiro a produzir arte de couro, enquanto os outros lojistas trabalhavam apenas com ferragem e sandálias.

“Comecei sozinho aqui no mercado e hoje tá assim cheio. A necessidade fez eu aprender a arte de couro, tinha oito filhos para criar e sem nenhum emprego era preciso inventar algo para sustentar a família. Hoje todo mundo tem suas casas e carros tudo ajudado pelo Mercado Central. Três filhos trabalham na área e o quarto em confecção aqui também”, comentou.

Para o artesão, a movimentação do mercado é histórica e por isso nunca terá fim. Ele destacou que todo mundo procura o local, porque ali é um ponto de referência. “É o endereço mais verdadeiro do mundo. Às vezes a pessoa vai em outro lugar, mas sempre volta para Mercado Velho, porque aqui tem de tudo”, declarou.

Mestre Luiz destaca o artesanato do mercado como atração turística (Foto: Catarina Costa/G1)

Mestre Luiz destaca o artesanato do mercado como atração turística (Foto: Catarina Costa/G1)

Famoso por escupir a imagem do Cabeça de Cuia, famosa lenda piauiense, mestre Luiz de Sousa tem 32 anos de Mercado Central e frisou que o artesanato sempre foi a grande atração da casa. Segundo ele, quase todos os lojistas são artesãos, seja com madeira, trançado ou arranjos.

“Aqui temos pessoas do interior, periferias, do centro, de outros estados e até de fora do país. Os visitantes chegam aqui já perguntando por você, por conhecer o seu trabalho, mesmo que não seja para comprar uma peça. O mercado pra mim é tudo, onde me incentivou mais na minha profissão e eu incentivar outros artistas que estavam destimulados”, disse o mestre.

Segundo o artista, o diferencial do Mercado Velho para os demais é que aqui o visitante pode ter contato com o artesão e a própria arte dele, o que valoriza a peça. “Às vezes o cliente nem pede diferença do preço quando conhece o artesão. Aqui é a casa e a história de muitos teresinenses”, comentou o artista.

O Mercado Central é um dos cartões postais para quem vem a Teresina. (Foto: Catarina Costa/G1)

O Mercado Central é um dos cartões postais para quem vem a Teresina. (Foto: Catarina Costa/G1)

Fonte: G1-PI

 

COMPARTILHAR

Comentários no Facebook

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui