O professor e historiador Antônio José manbenga divulgou em sua rede social o perfil de Maria Aldenora de Oliveira Matos (Aldenora), como era conhecida por todos, veja a seguir.

Nesta última sexta-feira 11 de junho, Valença do Piauí perdeu uma das pessoas mais populares entre seus habitantes. Maria Aldenoura de Oliveira Matos, popularmente conhecida como “Aldenora”. Conhecida por suas brincadeiras e generosidade, Aldenora fez história na cidade, entre os valencianos.

Aos 77 anos ela sofria de mal de Alzheimer e outros problemas de saúde. Na última quinta-feira 10 de junho, teve algumas complicações e foi internada no Hospital Regional Eustáquio Portela (HREP) de Valença do Piauí e na tarde desta sexta-feira (11) por volta das 16h00, ela   sofreu de um Choque Cardiogênico e não resistiu, vindo a óbito.

          Foto: Reprodução / Maria Aldenora de Oliveira Matos (Aldenora)

Veja aqui história de Aldenora:

A vida é uma linha que anda formando um caminho durante nossa existência! Ao nascer seguimos esta trajetória que obedece as formas retilinias e curvilínias. Porém quando atinge uma faixa da vida as linha se horizontalizam e tendem adquirir a forma circular, para fechar formando uma circunferência e quando as pontas se juntam provoca o fim material e dá início a vida espiritual.

Assim, aconteceu com Aldenora, obedeceu o caminho indicado pela linha e a tríade, nasceu, viveu e morreu. Estamos tristes! A cidade perdeu uma grande mulher, uma guerreira por ter transformado sua vida na manutenção da cultura popular.

Ela, que nasceu e viveu no Bairro Cacimbas, filha de Raimundo Borracheiro e Francisca Alves(Tica).É tão bem usufruiu a vida. Ainda criança, até foi matriculada no Cônego Acylino, mas a proximidade com adolescência e as ondulações da vida, optou pelo indicativo da linha!

A juventude chegou, tornou-se assídua aos bailes organizado no seu bairro por seu avô do coração e tio consanguíneo! Dançar lhe causava bem! Sorrir era característica sua! O belo sorriso, tornou-se mais fluente ainda, ainda no início da década de 1960, quando da chegada em Valença do protético Sr Elpídio, com a novidade de incrustar os dentes de ouro. Aldenora optou por uma “presa” na parte superior, contradizendo o dizer: “Nem tudo que reluz é ouro”.

Na Aldenora, era ouro sim! É pegava muito bem! Para isso, muito trabalho, tanto na cidade como em locais mais distante na ceifa de legumes no Baixao do Dr Agenor Veloso, na parte plantada por meu Pai, Manoel Mambenga. Aldenora, acompanhada por algumas de suas tias: Davina, Sheró e outras personas do Bairro Cacimbas, faziam parte das operarias, com um detalhe, de terça a quinta feira, porque sexta feira, nao podiam faltar o forró do Adão Pezim, localizado nas imediações da Lagoa dos Patos, na atual Av 15 de novembro onde fica a casa do Zorro.

No domingo para segunda no primeiro cantar do galo, as operárias retornavam a pés, descansavam o restante da segunda terça tudo voltava ao normal.

Aldenora, aí sim, reabastecida do querer e do poder e do vi a ser, encabeçava o trabalho, com muita alegria e muitas gargalhadas o que deixava o serviço um ambiente de prazer! Os anos 1960 já passavam da metade, Aldenora, opta ajudar sua mãe, “Tica” nos afazeres junto a “Matança“, cuidando e fazendo higienização as vísceras, atividade que a levou obter da própria comunidade valenciana o respeito e credibilidade junto ao trabalho realizado.

Um trabalho que Aldenora fazia com muito cuidado! Aldenora, era vaidosa! Gostava de andar arrumada, os tecidos estampados e coloridos lhe satisfaziam o gosto estético. Uma flor Margarida na cor vermelha, era uma de suas identificações. Tinha sua preferência política, mas era respeitada por alas contrárias, como ela dizia, gosto e respeito todos, são meus clientes.

Gostava de festejar o natalício anualmente, o que gerou o cantor popular Januaris, lhe dedicar uma música, fazendo referência seu aniversário de 70 anos! Muito boa a música por sinal. “Cada um no seu quadrado“. Aos sábados, era presença marcante na feira livre, momento que aproveitava para conversar com velhos amigos e amigas.

Enquanto aos domingos, assistir a missa das 8:00 hs da manhã, era uma obrigação cristã. Devota do Divino Espírito Santo, participando do novenário e no dia da Festa, usava um figurino de renda vermelha, feito sob encomenda por costureiras da cidade.

Como todo ser humano, Aldenora, também teve uma vida dedicada a casa, a família e ao amor de sua vida, o Sr Jose Francisco. Por anos, morou na Rua Areolino de Abreu, uma vida de alegria e amizades com suas vizinhança, Bia Rodrigues, e Dona Luzia do Del, eram as mais próximas.

Era uma exímia devota de São Gonçalo, mas era do Governador Hugo Napoleão e do Prefeito Alcântara, que tinha um quadro na parede! Quanto aos números políticos dos últimos 20 anos, o 25 foi o escolhido para tematizar um bolo por ocasião de um de seus aniversários! Aldenora, podia não ter tempo para outras coisas, mas jamais passava um dia sem visitar suas tias, as filhas de “Seu Lucas e Dona Neguinha” Era um respeito muito bonito, Madrinha Zuleide, era vista por Aldenora, como se fosse sua avó Neguinha(Ana). Por várias vezes, Aldenora, fez parte do Bloco Cores e Sabores, tornando referência na cultura popular em nossa cidade.

Mas o tempo passou rápido, as pontas das linhas se encontraram avisando a conclusão da vida na cidade dos homens! Aldenora, nesta tarde de 11 de junho de 2021, atendeu o chamado do Pai e nos deixa para fazer parte da Cidade de Deus. Foi a mulher, ficou a Historia, e a certeza do dever cumprido! Somos gratos por tudo Aldenora, você fez a diferença e a Cultura agradece!

                                 Antônio José e esposa

Professor – Antônio José Manbenga

Por: valencaonline.com

COMPARTILHAR

Comentários no Facebook

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui