Sete trabalhadores piauienses foram resgatados, na quarta-feira (26), em condições análogas à de escravos em obra de uma escola da Prefeitura de São Paulo. Segundo o dirigente da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), Atnágoras Lopes, todos os operários são da cidade de Barras e estavam vivendo em péssimas condições, sem receber salários e sendo ameaçados.

“Nós ficamos sabendo da situação dos trabalhadores pela mulher de outro operário resgatado no início do ano em Brasília. Ela nos ligou contando da exploração vivida por um dos pedreiros e nos passou o contato. Imediatamente falamos com ele e marcamos um encontro na obra”, contou.

Atnágoras Lopes lembra ter recebido um vídeo feito pelos próprios operários mostrando o alojamento em que eles viviam. O dirigente disse também que visitou o local e se deparou com um ambiente pequeno, sem local apropriado para dormir, banheiro improvisado, sem ventilação e alimentos jogados embaixo da pia. “Esse registro foi no início de março e após coleta do material abrimos um protocolo na Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo, mas após receber ligações dos operários relatando as ameaças e ver que nada tinha sido feito, resolvemos nós mesmos retirarmos os trabalhadores daquele lugar”, destacou.

Os piauienses foram levados para prestar queixa na delegacia e relataram as condições insalubres nas quais eram submetidos, além das ameaças que estavam sofrendo nos últimos dias após passarem a cobrar o salário. De acordo com o representante da Central, a carteira de trabalho e outros documentos pessoais dos trabalhadores foram retidos pelo ‘gato’, pessoa responsável pela contratação dos operários.

“Esta é a terceira vez que resgatamos operários nesta situação somente este ano. Outros casos foram registrados também em São Paulo e Brasília. Ao todo, dos 51 trabalhadores salvos, 44 são de Barras e estes dados já foram encaminhados para denúncia nacional no órgão da presidência da República. Chama cada vez mais atenção que Barras tenha se tornado hoje exportadora do trabalho escravo”, ressaltou.

Um dos setes operários resgatados falou ao G1 como era a sua rotina e das ameaças que sofria. Antônio Francisco do Nascimento, de 30 anos, contou ser o mais velho do grupo, tendo o mais jovem 19 anos, e aceitou ir para São Paulo após a promessa de receber o salário de R$ 4 mil. “O gato conhecido como Johny fez várias promessas e no dia 25 de janeiro já estavamos em São Paulo trabalhando. Em 40 dias na obra, com carga horário de 17h diárias, o único dinheiro que recebemos foi R$ 1 mil, que eles descontaram a passagem, alimentação e nossa hospedagem, ou seja, não ficamos com nada”, recordou.

O operário comentou que as ameaças começaram quando os trabalhadores passaram a cobrar os salários atrasados. Antônio disse ter ouvido por várias do ‘gato’ para pararem de reclamar, pois ele andava armado e se os operários continuassem, alguém iria morrer. “Estamos aliviados de sair daquele lugar, agora só queremos receber nossos direitos e voltar para nossas famílias no Piauí. Queremos danos morais pelo o que sofremos, além do salário atrasado”, completou.

O caso dos trabalhadores está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo e uma reunião foi marcada com a prefeitura para que ela tome providência.

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Com informações de Catarina Costa do G1 PI

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