Uma investigação apontou que a morte de morador de Londres foi causada por um transplante de rim que ele recebeu em 2021. Morto em março deste ano, Parminder Singh Sidhu, 49, recebeu por engano um órgão com câncer não identificado antes da operação, informou o jornal britânico Daily Mail. Além de Sidhu, dois outros pacientes que também receberam órgãos da mesma doadora desenvolveram câncer posteriormente.

Morador da região de Hounslow, oeste da capital britânica, Parminder Singh teve problemas renais pela primeira vez aos 30 anos. Em 2005, ainda morando na Índia, ele fez um transplante sem complicações. Durante a pandemia de Covid-19, ele voltou a sentir dores nos rins e, por isso, foi submetido ao procedimento de diálise.

Entretanto, o tratamento estava atrapalhando a rotina de trabalho do paciente, que decidiu então realizar um novo transplante. Segundo o Daily Mail, a cirurgia foi realizada em abril do ano passado no Hospital Hammersmith, considerando um dos maiores centros de transplante renal da Europa.

Exames iniciais e uma avaliação em agosto de 2021 apontaram que o transplante havia transcorrido bem. Porém, o trabalhador de 49 anos começou a sentir dores. Uma nova rodada de avaliações apontou que o paciente tinha um tumor de um centímetro que, inicialmente, médicos consideraram ser apenas um cisto.

Já em dezembro, a equipe médica constatou que o cisto era, na verdade, uma forma altamente agressiva de câncer que afetou diretamente o órgão doado. Naquele momento, o tumor já tinha sete centímetros de comprimento. Mesmo tendo decidido retirar o órgão transplantando, o paciente morreu em março deste ano, pois os médicos não conseguiram detectar que o câncer já havia se espalhado para sua coluna.

Uma legista ouvida pela investigação disse se tratar de uma raridade. “Esta morte foi causada por uma complicação conhecida, mas muito rara, de um transplante planejado”, disse a médica Lydia Brown. De acordo com o jornal, entre mais de 80 mil transplantes anuais, o caso de Sidhu foi um entre 11 já registrados no mundo.

A viúva de Sidhu disse estar indignada. “‘Meu marido confiava tanto em seus médicos. Como eles não perceberam o problema?”, questionou Tarjinder, 47, em entrevista ao Daily Mail. “É muito, muito difícil para mim e nossos filhos agora. O tempo todo penso nele”, diz.

“Não havia motivo para preocupação”, dizem médicos

Médicos responsáveis pelo transplante de Sidhu disseram não ter havido motivos para duvidar da integridade do rim doado, uma vez que a doadora não tinha histórico ou sinais de câncer.

“Mesmo em retrospectiva, não conseguimos encontrar nenhuma razão para que esse transplante não tivesse acontecido. Levamos tudo em consideração, todos os fatores conhecidos por nós e não havia motivo para preocupação”, afirmou Frank Dor, cirurgião consultor de transplantes associado ao Imperial College Healthcare NHS Trust, centro acadêmico de saúde ligado ao sistema de saúde do Reino Unido.

Testes revelaram que o câncer não era linfoma, um crescimento anormal e acelerado de uma célula não saudável. Essa doença ocorre em cerca de 2% dos transplantes renais, já que medicamentos imunossupressores impedem o corpo de combater as mutações celulares. Na verdade, os médicos descobriram que o próprio órgão transplantado tinha câncer.

A hipótese é que o câncer pudesse estar em um estágio inicial no qual não fosse possível identificar sinais visuais ou clínicos – obtidos por exames obrigatórios realizados pelo setor de transplantes do NHS – que indicassem problemas no rim. Além disso, dado que a doadora morreu por ferimentos na cabeça, os médicos não sabiam que ela também tinha câncer.

Foto: Hospital Hammersmith (Reprodução/Google Maps) 

Fonte: Cidadeverde.com

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