Uma atriz notável. Esta é a frase que se tornou comum a qualquer referência a Fernanda Montenegro, nascida no Rio de Janeiro no dia 16 de outubro de 1929, filha de Vitório Esteves da Silva e dona Carmen Nieddu. Com um currículo de fazer inveja a grandes atrizes do mundo, a cada ano que passa as honrarias em sua homenagem se multiplicam em decorrência do talento crescente, da facilidade com que se transforma em outras e outras personagens, multiplicando-se como se tivesse inúmeras faces e almas.

A carreira de Fernanda ocupa uma vaga para locutora na Rádio MEC. Foi ali que ela conheceu a comunicação e o mundo que envolve a arte. Próximo ao local onde trabalhava havia um grupo de teatro: foi ali que Fernanda Montenegro iniciou a caminhada que a levaria aos mais altos degraus da fama. A primeira peça que a jovem Fernanda participa “Nuestra Natacha” a projeta para olhares mais clínicos para passar do teatro amador ao profissional.

Desde este início até os dias atuais Fernanda Montenegro, que era casada com Fernando Torres desde 1952 e falecido em 2008, conseguiu brilhar com seu talento. Participou de cerca de 50 novelas, mais de 30 filmes, 50 peças teatrais, inúmeras minisséries e de-mais participações na TV.

Entre os muitos prêmios conquistados por Fernanda Montenegro destacam-se Troféu Candando Festival de Brasília, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Taormina Fim Fest, Urso de Prata, Festival de Havana, Globo de Ouro, Prêmio Guarani de cinema entre outras dezenas. Fernanda Montenegro ainda culmina na história do cinema na América do Sul por ter sido indicada ao Oscar, inclusive, sendo a primeira e única brasileira a chegar a esse patamar.

Também foi a única atriz indicada ao Oscar atuando em filme em português. A obra que a premiou e fez ter um reconhecimento internacional foi no filme Central do Brasil lançado em 1998. Outro momento histórico na carreira de Fernanda Montenegro e do cinema nacional ocorreu quando ela foi a primeira brasileira a ganhar o Emmy Internacional pela sua atuação magnífica em Doce de mãe. Embora, festejada por onde passa, a atriz nunca se desligou de sua simplicidade.

Grandes momentos de Isadora, no filme Central do Brasil (1998)

De todos os papéis da vida de Fernanda Montenegro, o de Dora, em Central do Brasil, é disparado o mais famoso. E por uma razão simples: por conta dele, a atriz tornou-se conhecida no mundo todo. Além de conquistar o Leão de Prata de melhor atriz no prestigiado Festival de Veneza, ela concorreu ao Oscar de Melhor Atriz, que acabou nas mãos Gwyneth Paltrow por uma insossa atuação no ainda mais insosso Shakespeare Apaixonado. Uma das maiores injustiças da história do Oscar.

Fedra, na peça Fedra (1986)

A atuação de Fernanda Montenegro nessa montagem da tragédia escrita original-mente pelo romano Sêneca por volta do ano 54 D.C. foi tão marcante que até Roberto Alvim, o atual diretor da Funarte que ofendeu a atriz nas redes sociais, admitiu ter decidido fazer teatro depois de vê-la no palco, em 1986. A montagem dirigida por Augusto Boal com base no texto do francês Jean Racine, traduzido por Millôr Fernandes, foi um fenômeno por onde passou. Muito por conta do estilo imposto por Millôr, que deixou o texto mais acessível e moderno, e a atuação simplesmente hipnótica de Fernanda.

Romana, no filme Eles Não Usam Black-Tie (1981)

Fernanda Montenegro é o tipo de atriz que sabe a hora exata de colocar sua intensidade a serviço do personagem. A sofrida Romana de Eles Não Usam Blacktie é um excelente exemplo disso. Baseado na peça de Gianfrancesco Guarnieri, o filme dirigido por Leon Hirszman venceu o Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza. Um verdadeiro marco do cinema brasileiro. Tanto que consta em diversas listas de críticos como um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos.

Maria, na minissérie e filme O Auto da Compadecida (1999/2000)

O papel de Fernanda Montenegro na minissérie (que depois virou um longa) é praticamente uma participação especial. Mesmo assim, usando de seu talento inegável, mas principalmente de seu carisma, ela consegue fazer que todo mundo lembre dela como um dos destaques da produção. Fernanda Montenegro representou Nossa Senhora, chamada de “advogada” pelos personagens centrais da trama, ao se verem diante da mãe de Jesus, quando do Juízo Final. Fernanda destacou-se pelo carisma, embora tenha sido uma passagem rápida.

RIO DE JANEIRO, RJ, 18.09.2019 – A atriz Fernanda Montenegro, que lança livro de memórias “Prólogo, Ato, Epílogo”, da editora Cia das Letras, no Rio de Janeiro. (Foto: Zô Guimarães/Folhapress)

Fonte: Portalodia.com / Por: Marco Antônio Vilarinho

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