O cantor Emicida ficou surpreso ao receber no último domingo (18) um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que analisa a presença de africanismos em suas músicas. O trabalho, entregue ao artista após o show realizado no Festival GiraSol, foi produzido pelo estudante Willame Lucas Carvalho, da Universidade Federal do Piauí(UFPI).

O estudante de Letras Português fez para o seu TCC uma pesquisa intitulada ‘Os Africanismos nas Letras de Rap do Emicida’ e viu no show uma oportunidade de fazer com que o artista conhecesse toda a pesquisa que realizou. A repórter da TV Cidade Verde, Déborah Radassi, foi a responsável por fazer a entrega ao cantor.

“Durante a pesquisa eu tentei contato pelas redes sociais com o Emicida para fazer entrevistas para o TCC. Foi com a possibilidade dele vir ao festival GiraSol que este contato foi possível. Eu cheguei no início do festival e logo na grade acenei para a jornalista Déborah, que veio conversar e de forma tão gentil aceitou esse desafio de entregar uma cópia do meu trabalho, mesmo com as dificuldades desse encontro”, afirmou.

Após realizar o show em Teresina, o cantor recebeu das mãos da jornalista Déborah Radassi o TCC do estudante.

“A missão de entregar o TCC de um estudante do nosso estado, sobre a letra do Emicida, sobre os africanismos nas letras, é entregar um trabalho potente, forte e de muito conhecimento literário. Quando o artista defende a humanidade, e ele compõe músicas que fazem parte das nossas vidas, das nossas realidades e ancestralidades, é uma maneira de se enxergar e de se ver nesse lugar, toda essa construção histórica e política. O Emicida traz essas referências, então foi importante ter ele no festival e entregar para ele um trabalho que só potencializa a nossa história. Esse conhecimento está em todo lugar, não só na universidade, está na música também”, destacou a jornalista.

Foto: Déborah Radassi

Emicida com o TCC

A jornalista disse o cantor ficou surpreso e feliz em receber uma pesquisa sobre as suas músicas e composições. “Ele não acreditou e falou: ‘fizeram um trabalho com as minha letras? Que massa, eu nunca vi isso’. Então foi inédito para ele. É um trabalho inédito na Universidade Federal do Piauí e também para ele ter um TCC sobre as suas composições”, disse Déborah.

Já o estudante, que conseguiu fazer seu trabalho chegar ao cantor, disse que a sensação foi de alegria e de dever cumprido. “Ela me mandou o registro do Emicida segurando o meu TCC e eu fiquei sem chão, mostrei a todos os meus amigos ao meu redor a foto. Estou imensamente feliz por saber que ele tem meu TCC e adorou saber da pesquisa. Espero que eu possa continuar pesquisando as músicas do Emicida e ampliar para um mestrado no futuro. Eu só queria que ele tivesse a noção deste trabalho e da importância para o ensino”, afirmou.

Africanismos nas letras de Emicida

Segundo Willame Lucas, o objetivo do trabalho é tratar sobre “africanismos, que são palavras que tem origem de alguma língua do continente africano, que busca responder a questão: que palavras utilizadas na língua portuguesa compreende os empréstimos de origem africana no português e estão presentes nas letras do rapper brasileiro Emicida. São palavras que usamos no cotidiano e novas palavras que não temos familiaridade e ele apresenta para o público e que diz respeito, sobretudo, a criar um vínculo com nossa história”.

Ele explicou que decidiu escolher as letras de Emicida por ser fã do cantor, e também por acreditar que a música é uma forma de ensinar, nesse caso sobre a cultura afro-brasileira.

Foto: Reprodução/Instagram

Willame Lucas 

“Eu escolhi o tema por ser fã do Emicida e também por identificar como o ensino pode ser atualizado para além do livro didático e um dos recursos para ensinar a língua portuguesa pode ser a música que conversa diretamente com os estudantes. Para fins de justificativa o trabalho prevê o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, amparado pela Lei Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório este ensino”, explicou.

Willame disse que ao fazer o trabalho, conseguiu identificar os africanismos em 76 músicas analisadas, sendo 50 músicas e 2 álbuns do Emicida lançados entre os anos de 2005 a 2020.

“O levantamento dos africanismos nas letras de música do ‘rap’ Emicida resultou no glossário (dicionarizado) com 107 palavras com origem africanos documentados como idiomas árabe; jeje banto; kwa; yorubá; quicongo/quibondo; umbundo. O uso das palavras africanistas reforça a ideia da construir uma identidade mais clara quanto ao resgate de histórias, personagens e localidades africanas. A pesquisa permitiu entender de qual forma o rapper influencia a juventude a internalizar os empréstimos africanos utilizados em suas músicas”, explicou.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Renato Andrade/Fabiano Júnior/Arte Visual

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