O jornalista, apresentador e locutor Cid Moreira, de 97 anos, morreu nesta quinta-feira, 3 de outubro, aos 97 anos de idade. O comunicador estava internado em um hospital de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, onde estava tratando de uma pneumonia. Segundo o hospital, ele teve falência múltipla dos órgãos.

Em entrevista ao programa “Encontro”, da Rede Globo, a mulher do apresentador, a jornalista Fátima Sampaio, disse que passou todos os dias que o marido estava no hospital com ele. “Estou um mês acampada aqui, pois era onde estava o meu coração.A gente vinha lutando, pois a idade chega e não é fácil. Antes ele fazia diálise em casa, por causa do problema crônico que enfrentava nos rins, mas agora não tinha mais jeito, tivemos que vir para cá”, disse.

Fátima, que era casada com ele há 25 anos, também comentou sobre o casamento. “Todas as relações têm seus embates, mas a gente se divertia muito com a diferença de idade. Temos uma história e tanto! Fiz o melhor que pude, como ser humano. Eu sabia da realidade dele, mas queria mais um pouquinho. Ele ficou lúcido até o fim, mas estava cansado”, contou a viúva do apresentador.

A jornalista adiantou que Cid pediu para ser enterrado em Taubaté, em São Paulo, onde nasceu, ao lado dos entes queridos que já se foram. “Ele escolheu esse local pois também quer ficar perto dos seus entes queridos que já se foram, como a primeira esposa, a filha e o neto. Vamos fazer uma homenagem em Petrópolis e uma no Rio de Janeiro.”

Cid Moreira: a voz inconfundível do Jornal Nacional 

Cid Moreira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927 — ele completou 97 anos na última sexta-feira (27). O jornalista iniciou a carreira no rádio em 1944, depois de ser descoberto por um amigo que o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.

Em 1951, foi para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que, entre 1951 e 1956, começou a ter suas primeiras experiências na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio. A estreia como locutor de noticiários foi no ano de 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio, o que marcou o início de sua carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, consolidando sua presença na televisão.

Em 1969, Cid Moreira voltou à Globo para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”. No mesmo ano, foi escalado para a equipe do recém-lançado “Jornal Nacional”, o 1º telejornal transmitido em rede no Brasil. A estreia ocorreu em setembro de 1969, e Cid dividiu a bancada com Hilton Gomes. Segundo o Memória Globo, Cid Moreira apresentou o Jornal Nacional cerca de 8 mil vezes.

Cid Moreira se lembra do nervosismo na estreia daquele que, em pouco tempo, seria o principal telejornal da televisão brasileira. “Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Eu só ia para apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. E, para mim, era normal. Mas no dia seguinte, vi na capa do jornal O Globo: ‘Jornal Nacional…’ Aí comecei a perceber a dimensão”, revelou ao Memória Globo.

Dois anos depois, iniciou uma parceria de longa data com Sérgio Chapelin. Durante 26 anos, Cid foi o principal rosto do JN. Sua voz tornou-se sinônimo de credibilidade, e seu “boa-noite” diário marcou a televisão brasileira.

Em 1996, uma reformulação do programa trouxe novos apresentadores, William Bonner e Lillian Witte Fibe, com Cid Moreira dedicando-se à leitura de editoriais.

Paralelamente, Cid também participou do “Fantástico” desde sua estreia, em 1973, revezando com outros apresentadores. Em 1999, ele narrou o famoso quadro de Mr. M, que se tornou um grande sucesso do programa. Sua voz icônica ficou tão ligada ao quadro que ele entrevistou o próprio Mr. M quando o ilusionista visitou o Brasil no ano seguinte.

A partir da década de 1990, Cid começou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, realizou o objetivo de gravar a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um grande sucesso de vendas.

Em 2010, foi lançada a biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira. Durante a Copa do Mundo daquele ano, ele gravou a famosa vinheta “Jabulaaani!” para a cobertura do “Fantástico” e programas esportivos da Globo, adicionando mais um capítulo à sua ilustre carreira.

Foto: Reprodução da matéria / Crédito do autor

Fonte: Agencia Brasil / Matéria Reproduzida do Portalv1

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