Ela tem 1.65 metro de altura e ocupa uma vaga que era disputada por ambos os sexos, mas foi ocupada por uma mulher. A sargento Yasmin Santos de Aguiar, 23 anos, chegou este ano ao Piauí e é a única sargento no 25º Batalhão de Caçadores entre os 426 praças na corporação. Para ela, ingressar no Exército [ que é predominantemente masculino] sempre foi um sonho conquistado com muito esforço, dedicação e incentivo da família. No Estado, ela pretende se formar em Direito e ingressar como oficial de carreira no Exército.

Fotos: Gabriel Paulino

“Vim de uma família de militares. Meu pai, meu avô, minha irmã são militares… cresci nesse meio. Quando terminei o Ensino Médio, fiz o curso em Técnico em Enfermagem pensando em usar no meio militar, pois esta era a única forma da mulher entrar no Exército. Então, fiz o concurso para entrar na carreira militar”, relembra a jovem.

Yasmin Santos é do Rio de Janeiro e chegou em Teresina-PI no início deste ano. Ela é recém-formada na Escola de Sargentos de Logística (EsSLog) e terminou seu curso em dezembro de 2017. O Piauí é sua primeira Organização Militar (local de trabalho) e , literalmente, será sua casa pelos próximos três anos.

Na Capital do Piauí, a rotina dela é voltada aos cuidados da saúde dos militares e de seus familiares, bem como para atividades administrativas na área de saúde e apoio externo.

Em entrevista ao Cidadeverde.com, a sargento conta que a participação da mulher no Exército ainda é pequena, mas vem crescendo devido a outras formas de ingresso.

“Até pouco tempo, a única forma de entrar era como praça, mais especificamente como sargento na área de Saúde. A partir de 2016, a mulher passou a entrar também  como praça em outros quadros como Material Bélico, Intendência, Topografia e Comunicações. Hoje, a mulher não precisa mais ter um curso técnico em Enfermagem que só é necessário para a área de Saúde. Nas outras áreas que citei, basta apenas ter Ensino Médio, se inscrever no concurso e a qualificação técnica será feita dentro da escola de sargentos, assim como os homens”, explica a sargento que é natural de Duque de Caxias-RJ.

Yasmin Santos cita qualidades femininas que são importantes na carreira militar que, segundo ela, é desafiadora, mas por outro lado, não tem mais tanta resistência por parte do sexo masculino.

Fotos: Gabriel Paulino

“Sou a única praça feminina. É um desafio porque a gente tem que estar ali, se impor, mostrar que a gente pode, consegue. Acredito que hoje em dia está mais forte na cabeça das pessoas que as mulheres vieram para somar. As qualidade femininas são importantes também para o meio militar. O ingresso do segmento feminino no Exército só melhorou. A mulher é mais delicada, organizada… a gente tem  um ‘tato’ maior e conseguimos ver isso principalmente na saúde que no Exército é onde existem mais mulheres. A gente consegue lidar melhor, conversar”, disse a militar.

Fotos: Gabriel Paulino

Mulheres x Homens

Yasmin não deixou de citar as diferenças entre homens e mulheres no Exército e acredita que a diferenciação é positiva.

“As nossas diferenças fisiológicas são respeitadas. O nosso Treinamento Físico Militar (TFM), por exemplo, é diferente. Eles proporcionam aquilo que cabe a gente fazer e cobram aquilo que a gente consegue fazer. Em outros aspectos, homens e mulheres são iguais… temos a mesma carga horário e cobrança.  A gente tem que fazer o que é previsto, seja sargento homem ou mulher têm que dar a mesma resposta”, disse a sargento enfatizando que o Exército não é só para homens.

“Se entrar no Exército for um sonho, nada pode ser barreira. As mulheres têm capacidade de fazer o mesmo trabalho, de dar a mesma resposta, igual aos homens. A gente tem que se sentir encorajada a mostrar que a gente consegue fazer. Tem que ter persistência e coragem. Gosto muito da profissão, do que eu faço, tenho pretensão de cursar faculdade de Direito no Piauí, fazer a prova para voltar como oficial de carreira. Quero crescer dentro do Exército. Aqui no quartel, eles incentivam a gente estudar”, disse Yasmin Santos que entre os planos para o futuro citou ainda o casamento previsto para 2019.

Vaidade feminina

No Exército, a vaidade feminina é deixada de lado e faz parte da disciplina. A sargento não vê problema, por exemplo, em não poder usar maquiagem forte ou esmalte de cor escura e diz que regras são necessárias.

Fotos: Gabriel Paulino

“A gente não pode usar esmalte de cor escura, maquiagem pesada, a não ser com um uniforme de passeio. A cor de cabelo tem que ser natural como loiro ou ruivo. Rosa, por exemplo, não pode. Acho que isso é importante. O regulamento é para ambos os sexos… os homens também têm regras.  A questão de padronização é para que não seja nada exagerado e não chame mais atenção que a nossa missão. Encaro isso como normal e necessário. Para as mulheres  é preciso também ter regras e respeitá-las”, finaliza a jovem sargento.

Atualmente há quatro mulheres no 25º Batalhão de Caçadores e segundo o comandante, coronel Nixon Frota, a expectativa é que esse número chegue a sete. Na corporação há também oficiais mulheres dentista, médica e advogada.

Fonte: cidadeverde.com /Graciane Sousa

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