Homenagens à Maria Bethânia pelos 70 anos de vida e 50 de carreira se sucedem. A mais recente foi em Salvador, onde recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA), atribuído em conjunto pelas faculdades de música, dança, teatro, belas artes e arquitetura daquela instituição. Ao agradecer a honraria – concedida a pessoas sem formação acadêmica, que obtiveram destaque em áreas como arte, ciências e causas humanitárias –, a cantora, num tom brincalhão, concluiu: “Agora, sou doutora Maricotinha”.

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Anteriormente, na África, no Centro Cultural Universitário de Maputo, capital de Moçambique, onde gravou o documentário Karingana, Bethânia foi saudada pelo escritor José Eduardo Agualusa com um poema em que diz: “Cantas – e ascendem-se as estrelas/ Sossegam lá fora os vendavais/ Tudo o que está disperso se resume/ O mundo abranda e desata os nós/ Mas não eu – eu lanço-me ao lume/ Do incêndio da sua voz/ Cantas, e escrevo como quem acorda/ Escrevo como quem recorda/ Um grande sonho feliz e feroz”.

Reverências à Abelha Rainha vêm ocorrendo desde 2015. Ela foi a grande homenageada da 26ª edição do Prêmio da Música Brasileira, no Theatro Municipal; na exposição de artes plásticas Maria de todos nós, montada no Paço Imperial; e na Feira de São Cristovão, em festa promovida pelos nordestinos. Neste ano, a Mangueira a celebrou com o enredo A menina dos olhos de Oyá, que levou a verde rosa ao título de campeã do carnaval. Tudo isso no Rio de Janeiro.
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Imagens desses eventos estão registrados no DVD duplo lançado pela Biscoito Fino, sob o título Abraçar e agradecer. O destaque do projeto é o espetáculo homônimo que, ao sair em turnê pelo país, estreou aqui na capital, sendo apresentado no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em março do ano passado.

No show, gravado em São Paulo, com produção de Guto Graça Mello, direção e cenografia de Bia Lessa, e luz de Binho Schaefer, Bethânia mostra toda a força interpretativa e a carga de dramaticidade, tão representativas de sua arte, ao passear por extenso repertório de 41 canções. Boa parte delas, compostas por Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Dorival Caymmi, Tom Jobim e Gonzaguinha, e tornadas inesquecíveis por ela. Outras são inéditas na voz da diva, como Eu te desejo amor, versão de Nelson Motta para Que reste T-ill de nos amour, clássico da obra do francês Charles Trenet.

Em minidocumentário que abre o show, a voz da atriz Renata Sorrah é ouvida num texto poético de Bia Lessa, recheado de imagens, que revelam uma intimidade de Bethânia pouco vista: ela saindo do hotel, a passagem de som, a preparação no camarim, a cadeira branca que costuma usar, seus objetos, o que come, como se concentra, os exercícios vocais e o encontro com os músicos, para uma breve oração. Ah, sim! A banda que a acompanha, formado por grandes instrumentistas, tem como diretor musical o contrabaixista cearense-brasiliense Jorge Helder.

Tanto o DVD quanto o CD trazem livreto comemorativo com fotos colaborativas de fãs, e texto inédito de Nelson Motta sobre a trajetória de Maria Bethânia, ao longo de cinco décadas. Ele conta que a acompanha desde o show de estreia da cantora, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1965, no Teatro Opinião.

Na parte final do texto, o jornalista, compositor e produtor discorre: “São 50 anos de intensa e permanente entrega à beleza e à emoção, de absoluta fidelidade ao seu público e à arte brasileira, e sobretudo a si mesma e à sua história, numa carreira luminosa que não conhece altos nem baixos e segue fluindo como um rio cristalino e caudaloso, enfeitado por belas cachoeiras, cascatas e remansos, que deságua no lindo lago do amor de sua obra artística”.

Fonte: Cidadeverde.com por Correio Brasiliense

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