O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou nesta segunda-feira (4) que determinou a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações de práticas de crimes no acordo de delação premiada dos executivos do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS. Segundo Janot, dependendo do resultado da investigação, os benefícios oferecidos no acordo de colaboração dos irmãos Joesley e Wesley Batista poderão ser cancelados.

Em um pronunciamento na sede da Procuradoria Geral da República (PGR), o chefe do Ministério Público informou a jornalistas que os investigadores obtiveram na última quinta-feira (31) áudios, com conteúdo que ele classificou de “gravíssimo”, nos quais um dos donos da empresa, Joesley Batista, conversa com Ricardo Saud, diretor institucional da J&F e um dos delatores da Lava Jato.

A medida, destacou Janot, atinge três dos sete executivos da empresa que fecharam a delação. Além de Joesley e Saud, também será investigado Francisco de Assis e Silva, advogado da empresa. Determinei hoje [segunda] a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para assinatura do acordo de delação no caso JBS. Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente, na quinta-feira, às 19h”, afirmou Janot na entrevista concedida no auditório da PGR, em Brasília.

Ainda de acordo com o procurador-geral, a análise da gravação revelou diálogo entre dois colaboradores “com referências indevidas à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a investigação poderá levar à eventual rescisão do acordo de colaboração, hipótese em que apenas os benefícios obtidos pelos delatores são anulados, mas não as provas entregues por eles. “A eventual rescisão não invalida as provas até então colhidas. Se a culpa do colaborador ensejar a rescisão do acordo, ele perde todos ou alguns dos benefícios e o Estado aproveita todas as provas. Isso é o que diz a lei e essa é a responsabilidade dos colaboradores. Ao final do processo penal, será verificada a eficácia [do acordo]”, esclareceu Janot.

O acordo de Joesley Batista, assinado em maio deste ano, prevê que poderá haver rescisão do ato “se o colaborador mentir ou omitir, total ou parcialmente, em relação a fatos ilícitos que praticou, participou ou tem conhecimento”. Outra cláusula diz que, em caso de rescisão por culpa exclusiva do delator, ele “perderá automaticamente direito aos benefícios que lhe forem concedidos em virtude da cooperação com o Ministério Público Federal, permanecendo hígidas e válidas todas as provas produzidas, inclusive, depoimentos que houver prestado e documentos que houver apresentado, bem como válidos quaisquer valores pagos ou devidos a título de multa.” Segundo Janot, o áudio foi entregue pelos próprios delatores da JBS para complementar a delação premiada. A conversa entre Joesley e Saud teria quatro horas de duração, parte dela com “meras elucubrações”, mas que, segundo a PGR, devem ser apuradas.

O arquivo não está sob sigilo, mas será enviado antes para o ministro Edson Fachin, relator do caso no STF, para análise. Ainda nesta semana, Joesley, Saud e Assis serão chamados para depor e esclarecer a conversa gravada. Caberá ao ministro liberar o conteúdo do áudio, que deverá avaliar que partes deverão ser excluídas por tratarem da vida privada e íntima de pessoas não investigadas.

Fonte: cidadeverde.com po G1

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