O corpo do ex-prefeito de Valença do Piauí, Joaquim Matias Lima Verde (94), foi sepultado no final da tarde deste domingo (21) no cemitério São Benedito. Ele morreu neste domingo (13) em Teresina onde estava internado.

Joaquim Matias Lima Verde exerceu dois mandatos de vereador e três de prefeito municipal nas legislaturas 1973/1976, 1983/1988 e 1993/1996. Era casado com a senhora Iris Soares com quem teve quatro filhos.

O corpo do ex-prefeito chegou na tarde deste domingo, onde foi velado por algumas horas no Centro Pastoral. Logo depois seguiu em cortejo com parada por alguns minutos em frente a Câmara Municipal até a Igreja de São de Benedito local onde aconteceu a missa de corpo presente.

Muitas pessoas compareceram para prestar homenagens ao ex-prefeito que era tido como um homem justo e honrado. Durante a celebração seu caixão foi coberto pela bandeira de Valença. A vereadora Iris Moreira estava entre as mais emocionadas com a perca do ex-prefeito.

Foto: Alderi Sousa

Veja um texto de Ailton Carvalho sobre a trajetória do ex-prefeito.

Depois de dois mandatos de vereador, Joaquim Matias Lima Verde, após perder por várias vezes conseguiu sua primeira vitória para prefeito em Valença em 1972 pelo antigo MDB, tendo como vice José Marreiros Ferraz.

Em 1982 candidatou-se novamente, desta vez pela sublegenda PDS 1, derrotando dois “doutores”, como se dizia na época Francisco Alcântara, apoiado pelo então prefeito Nemésio Veloso e o médico Antônio Bonfim liderança de oposição, ambos de outras duas sublegendas do PDS, tendo como vice Newton Borges.

Durante o seu mandato deixa o PDS e se filia ao recém-criado PFL e na eleição seguinte de 1988 apoiou para a sua sucessão o seu principal adversário na eleição anterior, o engenheiro agrônomo Francisco Alcântara novamente numa disputa contra o médico Antônio Bonfim, vencendo com tranquila maioria.

Em 1992, fruto de acordo firmado, Joaquim se lança mais uma vez candidato a prefeito, tendo como vice o vereador Grigório Veloso e tendo como adversário o médico e ex-deputado estadual Antônio Rufino (PTB). A campanha foi um verdadeiro passeio eleitoral, onde a dupla Joaquim e Grigório Veloso recebeu 6.808 votos e impôs uma diferença de 3.106 votos sobre Antônio Rufino, dois recordes até hoje jamais batidos na história política de Valença.

Durante este seu terceiro mandato, a administração já não era mais vislumbrante como as anteriores, visto que Joaquim concentrava todos os seus esforços políticos para concretizar a emancipação política do Povoado Lagoa do Sítio, o que veio a acontecer em 26 de janeiro de 1994, através de plebiscito, o qual foi aprovado por esmagadora maioria de votos, sendo sancionada pelo então governador Antônio de Almendra Freitas Neto, aliado de Joaquim no governo do estado.

Joaquim pretendia com isso se tornar o primeiro prefeito de Lagoa do Sítio. Tudo estava bem encaminhado para a concretização do seu grande sonho. No entanto em 1995, um entrave colocou em cheque a sua pretensão, tudo por conta do rompimento político do vice-prefeito Grigório Veloso, que juntamente com outros líderes como a vereadora Salete Lima Verde e o médico Jarbas Matias não concordavam em apoiar novamente o ex-prefeito Francisco Alcântara na eleição de 1996, algo que já havia sido acordado na eleição anterior.

Joaquim se viu diante de uma “sinuca de bico” como se diz popularmente, uma vez que para concorrer em Lagoa do Sítio teria que renunciar e entregar o cargo para o recém adversário Grigório Veloso. Habilidoso politicamente e para mostrar força política, Joaquim resolve ficar no cargo e elege seus aliados no dois municípios, Alcântara em Valença e para substituí-lo em Lagoa do Sítio chama o então vereador Antônio Reis (PFL), seu líder na Câmara Municipal, com o compromisso de no pleito seguinte lhe apoiar para prefeito, visto que ainda não existia o instituto da reeleição.

No final Alcântara e Antonio Reis vencem de forma folgada suas disputas contra Jarbas Matias e Antônio Doca, respectivamente e Joaquim sai da eleição como liderança consolidada na região.

Em 1997, para a surpresa de muitos na cidade de Lagoa do Sítio, o prefeito Antônio Reis rompe com Joaquim, seu padrinho político com apenas três meses de mandato. O criador desta vez teria que enfrentar a criatura, visto que a emenda da reeleição já tinha sido aprovada no Congresso Nacional.

O primeiro embate entre os dois se deu na disputa pelo Diretório Municipal do PFL de Lagoa do Sítio em março de 1999, onde o prefeito Antônio Reis consegue maioria e mantém o partido sob o seu comando.

Joaquim deixa então o PFL e se filia ao PSDB, costurando uma aliança com o seu adversário na eleição anterior Antônio Doca e no ano 2000, Joaquim se lança candidato a prefeito, tendo Antônio Doca como candidato a vice.

Para muitos aquela eleição seria um embate duro pois colocava frente a frente dois candidatos competitivos. No entanto, não foi o que a urnas mostraram e no final o prefeito Antônio Reis foi reeleito com folgada maioria, cerca de 10% de diferença contra Joaquim, elegendo ainda 6 dos 9 vereadores.

Para muitos esse teria sido o fim da carreira política de Joaquim Lima Verde. No entanto, Joaquim continuou em atividade e em 2004 resolve disputar mais uma vez a prefeitura. Mas, desta vez, a resistência estava dentro do seu próprio partido, o PSDB, que tinha outro pretendente ao cargo, o suplente de vereador Gilvan Araújo. Sem consenso entre os dois, a indicação do partido se deu em convenção.

Na acirradíssima disputa da executiva, ambos contavam com 7 dos 15 membros titulares. Depois de muito acirramento a disputa acabou se decidindo no voto do então vereador Vicente Melo, o último a votar, que decidiu apoiar a indicação de Gilvan Araújo, derrotando a ala de Joaquim por 8 x 7.

Joaquim, por sua vez não acompanhou o seu partido e resolveu apoiar o candidato Lindomar Barbosa (PTB) que era apoiado pelo então prefeito Antônio Reis (PFL). No final Lindomar venceu por apenas 76 votos de diferença, creditando sua vitória ao apoio decisivo de Joaquim Lima Verde.

Na eleição de 2008, Joaquim continuou com Lindomar que se reelegeu derrotando Vanessa Reis (PSB). Em 2011, Joaquim Lima Verde transferiu seu domicílio eleitoral para Valença e mesmo já em idade avançada e com pouca força política consegue eleger o vereador José Itamar (PMDB) com 391 votos. Detalhe, o voto e o apoio de Joaquim foi decisivo, pois José Itamar empatou em votos com o ex-vereador Jeová Bomfim (PTC), sendo eleito por ser o de maior idade cronológica como estabelece a Lei Eleitoral.

Era um político de palavra, pois dificilmente voltava atrás em suas decisões, era popular e não se escondia do povo, mesmo em períodos difíceis. Joaquim, deixa a esposa Dona Íris Soares Lima Verde e seis filhos.

Por Ailton Carvalho

Fonte: V1

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