O mandato do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha foi cassado com o voto de 450 deputados. Todas as tentativas para suspender a votação ou abrandar a pena não avançaram. A Câmara aplicou uma derrota muito forte a Cunha.

Foram 450 votos pela cassação, apenas 10 votos contra e nove abstenções. No total, votaram 469 deputados. Eram necessários apenas para a cassação 257 votos. Foram muito mais votos além do necessário. Logo depois do resultado houve um certo enfrentamento entre Eduardo Cunha e alguns parlamentares a favor da cassação dele. Ele foi cercado por um grupo de seguranças e deixou imediatamente o plenário da Câmara dos Deputados.

eduardo_cunha

Imagem arquivo:

A votação conseguiu até unir deputados de bancadas de lados opostos, como PSDB e PT. Antes de Cunha chegar foi colocada uma faixa bem na frente do plenário. Apareceu também um boneco com o rosto do ex-presidente da Câmara.

O primeiro a falar foi o relator do parecer do Conselho de Ética, que recomendou a perda do mandato e lembrou a acusação que pesa contra Cunha: corrupção e mentir aos deputados quando afirmou não ter contas no exterior.

“Ficou demonstrado de forma cristalina que os trusts criados pelo representado na verdade não passam de empresas de papel, de laranjas de luxo, de meros instrumentos criados para dissimular a evasão de divisas, a lavagem de dinheiro e o recebimento de propina. Os documentos trazidos ao processo são incontestáveis no sentido de que é Eduardo Cunha o responsável pelas contas na Suíça de que é Eduardo Cunha o verdadeiro cliente do banco Julios Bayer e de que é Eduardo Cunha o verdadeiro dono do dinheiro”, declara o deputado Marcos Rogério (DEM/RO), relator no Conselho de Ética.

O advogado de Eduardo Cunha, Marcelo Nobre, alegou inocência do cliente e disse que não há provas de que Cunha tem contas no exterior. Quando o advogado já fazia a defesa, Cunha entrou no plenário. O deputado, que vivia cercado de aliados quando era presidente da casa, foi cumprimentado por poucos parlamentares. Ele subiu no púlpito e disse que talvez fosse a última vez que fizesse isso.

Disse que os deputados não conheciam o processo, que não tinham interesse em ouvir os argumentos de defesa e atacou ferozmente o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e afirmou que o julgamento era vingança por ter dado seguimento ao processo de impeachment.

“Eu não menti. Não tem a conta, o número da conta e o banco da conta que seja conta movimentada por mim. Cadê a prova? Não trouxeram uma prova e eu estava em uma CPI espontânea, não estava sob juramento e a nossa Constituição não nos obriga a fazer prova contra si mesmo”, diz o ex-deputado Eduardo Cunha.

O deputado do PMDB Carlos Marun, fiel escudeiro de Cunha durante todo o processo, pediu que fosse votado um projeto de resolução com pena mais branda que o parecer do Conselho de Ética e também a suspensão da votação. O presidente, Rodrigo Maia, negou, e, para conseguir o chamado “efeito suspensivo”, era preciso ter apoio do plenário.

O resultado do pedido para suspender a votação era o termômetro para saber quantos deputados estariam dispostos a ficar ao lado de Eduardo Cunha. O pedido não teve apoio de um terço dos parlamentares. A partir daí se consolidou a tendência pela cassação.

Em seguida começaram os debates. Deputados contra Cunha e a favor. Mas houve acordo para diminuir o número de discursos e a votação foi rápida. Apenas 10 deputados votaram a favor de Eduardo Cunha. Foram nove abstenções e 450 a favor da cassação.

A enorme vantagem surpreendeu a todos, especialmente pela falta de apoio até entre partidos do centrão que o apoiavam. “Resolução nº 18 de 2016 declara a perda do mandato do deputado eduardo cunha por conduta incompativel com o decoro parlamentar”, anuncia o deputado Beto Mansur (PRB/SP). O agora ex-deputado deixou o plenário pela últimas sob gritos de “fora Cunha”.

Fonte: Jornal da Globo, Heraldo Pereira / Giovana Teles / Vladimir Netto Brasília, DF

COMPARTILHAR

Comentários no Facebook

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui